27 de fevereiro de 2020

Elizabeth Gilbert e a mente de macaco


  • tenho procrastinado muito
  • tenho pensado muito
  • tenho lido bastante
Ontem estava lendo Eat Pray Love (ou Comer, Rezar, Amar) e me deparei com um trecho que se encaixou bastante no que tenho sentido: a protagonista, que está num retiro espiritual, não consegue meditar porque a mente dela simplesmente não dá uma trégua sequer pra coitada. Segundo ela, "Como a maior parte dos humanoides, carrego o fardo daquilo que os budistas chamam de mente de macaco - pensamentos que pulam de galho em galho, parando apenas para se coçar, cuspir e guinchar." Eu sinceramente acho que tenho uma mente de macaco também.

Então ela têm essa epifania maravilhosa e fala sobre como estamos sempre num mesmo ponto, mas nossa mente nunca está lá; tenho trezentas coisas para me preocupar no momento exato, mas ops, me vejo pensando obsessivamente sobre a vez em que caí da rede em 2010 ou sobre meus planos universitários para 2021.

Para minha sorte, Elizabeth Gilbert me abriu os olhos com a seguinte observação: "Existe um motivo pelo qual Deus é chamado de presença - porque Deus está bem aqui, agora. O presente é o único lugar onde se pode encontrá-lo, e o agora é o único momento. No entanto, permanecer no presente exige que a pessoa se concentre inteiramente em um só ponto."

Quando Liz se refere a Deus, ela quer dizer qualquer Deus, seja o criador do universo, o próprio universo ou, como eu prefiro interpretar nesse contexto específico: nossa divindade interior. Ou seja, ficamos tão ocupados pensando no futuro ou no passado, que não nos encontramos com nossa própria divindade, nosso próprio eu, que só reside no aqui e no agora, pois amanhã seremos uma pessoa completamente diferente, alterada pelas circunstâncias as quais fomos expostos. Como diria Heráclito: tudo muda o tempo todo.

Isso me fez pensar muito, e decidi que não podia deixar essa pérola apenas nas páginas de Eat Pray Love. Quero aplicar na minha vida e usá-la como inspiração para ser menos ansiosa, mais produtiva e ganhar a batalha contra a minha mente e contra o relógio. Sendo assim, tenho testado um novo esquema de rotina: nos finais de semana, me permito algumas horas de ansiedade insana para planejar minha agenda e pensar em todos os imprevistos que o futuro pode estar guardando. Depois, simplesmente cumpro cada tarefa dela como se a próxima não existisse.

Isso vêm ajudando a mente de macaco que reside em mim a parar num só galho por tempo suficiente para terminar uma tarefa ou aproveitar um momento descontraído sem pensar no que me aguarda no dia seguinte. Claro que é difícil controlar a corrente incessante de pensamentos que me tenta a todo instante, mas me sinto melhor depois de alguns dias praticando isso.

E você? Também tem uma mente de macaco?

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