Uma análise crua e perturbadora do fim das democracias em todo o mundo Democracias tradicionais entram em colapso? Essa é a questão que Steven Levitsky e Daniel Ziblatt - dois conceituados professores de Harvard - respondem ao discutir o modo como a eleição de Donald Trump se tornou possível. Para isso comparam o caso de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem anos: da ascensão de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da América Latina dos anos 1970. E alertam: a democracia atualmente não termina com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas - como o judiciário e a imprensa - e a erosão gradual de normas políticas de longa data.
Como as democracias morrem é um panorama geral do declínio de várias democracias mundiais. O livro faz uma análise minuciosa de cada uma delas, nos mostrando como começaram e o que foi ou não foi feito para impedir que certos regimes democráticos (alguns bem antigos e renomados) se tornassem regimes altamente ou moderadamente autoritários. Basicamente, somos apresentados às grades de proteção de uma república, e como elas devem agir para impedir que líderes com tendências autoritárias alcancem o poder, e, se isso já tiver acontecido, como contê-los ou derrubá-los.
A obra tem como ponto central a democracia norte-americana, de forma que passamos por quase toda a história política dos Estados Unidos e somos apresentados, detalhadamente, aos principais ex-presidentes do país e aos porquês do sistema democrático deles ter sido tão firme através dos tempos, e não ter entrado em colapso, como aconteceu no Brasil em 1964.
Levitsky e Daniel falam sobre a famosa Constituição norte-americana, apontam suas inúmeras falhas e explicam como, apesar de tudo isso, nenhum presidente ascendeu como um ditador. Caminhamos com eles pelas salas esfumaçadas nas quais aconteciam os principais acordos políticos dos Estados Unidos, e lemos sobre o complexo sistema eleitoral do país, seus inúmeros avanços ao longo dos anos e como ele próprio, na tentativa de ser mais democrático, abriu margem para que demagogos tivessem sua chance de ocupar a presidência.
Todos esses pontos sobre os Estados Unidos são apontados fazendo paralelo com outros países que já viveram sob uma ditadura ou passaram muito perto de uma e conseguiram impedi-la. A conclusão e o ápice do livro (e também o motivo de tudo que antecede esse ponto) é uma análise dos primeiros anos do governo Trump, em que os escritores explicam suas razões para acreditar que Donald Trump já tentou e continua tentando infringir várias regras silenciosas que protegeram a república norte-americana por séculos.
Esse livro é extremamente importante para que entendamos como as polarizações, as faltas de boa-conduta por parte dos nossos líderes, as famosas fake news e os idealismos extremistas podem ser um perigo para o sistema democrático de qualquer país.
Se tem alguma parte desta obra que podemos usar para fazer paralelo com o Brasil, é a polarização de partidos e o perigo que é tornar eleitores partes conflitantes de dois polos homogêneos, sem um ponto de intersecção ou concordância; quando um partido defende apenas as minorias e outro acolhe somente a burguesia, isso significa que não há colaboração ou meio-termo entre eles, o que pode causar o caos, e o caos pode facilmente levar a queda de qualquer democracia.
Quotes inesquecíveis
Se a história de fato não se repete, devemos ao menos aprender suas lições para proteger a nossa democracia - antes que seja tarde demais.
A maioria das autocracias contemporâneas não eliminou todos os traços de dissenção ... Porém, muitos fizeram esforços para garantir que jogadores importantes fossem marginalizados, destruídos ou pagos ... Jogadores importantes podem incluir políticos de oposição, meios de comunicação importantes ou outras figuras culturais...
Numa democracia, os cidadãos têm direito básico à informação. Sem informações críveis sobre o que nossos líderes eleitos estão fazendo, não podemos exercer de forma efetiva nosso direito de voto.
Outra nota: vocês já ficaram de saco cheio de um livro mesmo ele sendo cinco estrelas? juro que já falei tanto de CADM pra tanta gente que depois de postar essa resenha não quero nem ouvir falar no título dele pelos próximos meses
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ResponderExcluirDESCULPA O COMMENT VAZIO MAS O SEU RETORNO SALVOU 2020
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