Desde o início do ano eu tenho estado sozinha.
Não sozinha do tipo isolada, mas sozinha; vou tomar milkshake sozinha, vou à biblioteca sozinha, estudo sozinha, tomo minhas decisões sozinha, pego o ônibus sozinha.
Não parece grande coisa, mas acontece que do final 2018 até dezembro de 2019, eu nunca estava a sós comigo. Ou estava conversando com alguém do Tinder, ou namorando, ou flertando com uma pessoa aleatória do campus, ou envolvida com alguém que não saía dos meus pensamentos. Era sempre um drama, uma agonia pela próxima mensagem, pelo próximo abraço, pela reconciliação, pelo encontro, pela migalha vazia de carinho.
Eu tomava milkshake, e ia à biblioteca, e pegava o ônibus, mas sempre havia aquela taquicardia, alguém nos meus pensamentos, e pior: alguém que eu sabia que não passava de um suplente pra carência que eu sentia desde meu primeiro término (pros gaúchos conterrâneos: eu estava descornada), e alguém que me esqueceria e seria esquecido por mim assim que aparecesse outro objeto de interesse ou as coisas ficassem chatas.
Ontem, quase dormindo no ônibus com a cabeça encostada no vidro, percebi que eu estava bem. Estava me sentindo bonita sem ninguém me validando, estava confortável, minhas tarefas estavam em dia e estava tudo ok. Sem Joãozinho, sem Mariazinha, sem um date marcado para o final de semana. Eu estava bem, bem sozinha, e não sentia saudade de absolutamente ninguém com quem saí nos meses passados.
O processo talvez tenha começado depois que deletei um certo aplicativo de encontros na virada e pedi desculpas sinceras à menina que costumava sair comigo pra tomar keep cooler e falar do futuro. Depois disso, amigos, foi só felicidade.
Trabalhei muito esse problema; o negócio de não se bastar, de ficar com dor de cotovelo, de querer o que os outros têm só porque eles têm algo que ainda não é tua hora de ter também.

Finalmente entendi que não faço parte do grupo mais descontraído, que não se importa em sair com alguém sem propósito e sem carinho; sou mais do tipo que precisa do conforto de não se preocupar com que roupa usar e da vontade infinita de estar junto. E, caros leitores, quando eu voltar a sentir isso, vai ser lindo.
Por enquanto não é a hora, e sigo firme me dedicando ao ENEM, saindo pra comer e tomar tererê com os amigos e tirando horas e horas para leitura e skincare sabendo que não devo meu tempo a ninguém.
Por enquanto não é a hora, e sigo firme me dedicando ao ENEM, saindo pra comer e tomar tererê com os amigos e tirando horas e horas para leitura e skincare sabendo que não devo meu tempo a ninguém.
Olá, Ester. E aí, tudo bem? Por aqui, estamos bem no limite do possível.
ResponderExcluirPreciso confessar que estou decepcionada comigo mesma por ter fechado a janela do Chrome enquanto digitava meu comentário aqui no seu cantinho, mas nada que meu ânimo da madrugada não faça com que eu tenha forças para refazer as burradas que só uma Katherine é capaz de fazer.
Sinceramente, eu gosto de ficar sozinha e estou aprendendo a apreciar minha companhia desde que comecei a fazer terapia, afinal, costumo almoçar sozinha de segunda à sexta, vou à psicóloga uma vez por semana sozinha, vou ao dentista uma vez ao mês para fazer a manutenção do aparelho sozinha, vou à casa dos meus alunos dar aulas de inglês sozinha e costumo voltar de ônibus de boa parte desses lugares sozinha.
E por mais que eu goste de ficar sozinha, eu não gosto de me sentir sozinha e eu tinha esse constante sentimento de solidão desde que havia ingressado no 1º ano do ensino médio.
Para a minha infelicidade, no meu 3º ano, meus amigos me influenciaram a baixar o Tinder e lá fui eu me aprofundar naquela droga de aplicativo. Assunto vai, assunto vem, acabei me encontrando com um loirinho de Sapucaia. Saímos três ou quatro vezes, mas acabou dando em nada, tanto que atualmente eu e ele estamos namorando (não entre si, mas com pessoas diferentes).
2019 foi uma loucura só, sabe? Foi o ano em que prestei vestibular pela primeira vez, o ano em que resolvi participar das oficinas de teatro da minha cidade (uma das melhores escolhas que tomei naquele ano), o ano em que estudei bastante até e o ano em que meu coração falhou batidas pela pessoa errada até dar as caras com alguém que parecia estar disposto a me aturar como parceira de crime e confidente por um bom tempo, por mais chata, perfeccionista, exibida, orgulhosa (maldito Sol em Leão), dramática (como diria alguém que eu conheço: "dramática não, atriz"), louca dos signos e dos artigos de papelaria que eu seja.
Eu gosto dessa ideia de que cada um tem seu tempo, mas eu queria ter a famigerada paciência até chegar a minha vez, sabe? Já dizia The Neighbourhood em Ferrari: "I want it now, I want it loud, I want it my way, but everybody doesn't fight like that". Afinal, eu demorei 19 anos, 3 meses e 1 dia para oficialmente arranjar um namorado e tenho que admitir que todos esses 19 anos, 3 meses e 1 dia de espera valeram muito a pena.
É estranho pensar que certas coisas que aconteceram em 2019, coisas que pareciam tão longínquas do meu ponto de vista de alguém recém-saído da adolescência, ainda pareçam meras fantasias da minha mente de "romântica incurável", como diria uma amiga minha.
Espero que você permaneça sendo bem resolvida no decorrer do ano como você está sendo agora.
Fique bem <3.
Um beijo, um queijo, um franganote, um senpai que te note e até mais ♡ | Indie
olá, kathi! obrigada por persistir e me presentear com esse comentário maravilhoso. ♡
Excluireu já tinha stalkeado teu blog de leve e reparado em como teus sentimentos pelo teu namorado são lindos. no meu caso, precisei esperar 18 anos e uns 10 meses pra encontrar a pessoa certa, e agora que encontrei e descobri que não éramos tão certes assim juntes, sinto que vai ser duas vezes mais difícil dar essa sorte de novo. mas espero que quando esse dia chegar, eu encontre alguém que seja meu parceiro do crime também, haha. sou um pouquinho menos intensa e acho que só quero "a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida".
fico muito muito feliz que seu 2019 tenha te trazido tantas coisas, de verdade. o legal é quando tudo acontece quando a gente menos espera mesmo.
um abração pra tu ♡
oi ester!!
ResponderExcluirapesar de entender a tua "situação" (não gosto dessa palavra pelo cunho pejorativo que ela carrega, mas não consigo pensar em nada que tenha uma certa sinonímia pra eu poder substituir, então é isso), acho que não entendo. eu sempre fui um guri muito sozinho (também não no sentido de solidão, mais de solitude) e me acostumei com isso, mas sempre me senti desconfortável estando em público enquanto pessoa sozinha em um ambiente coletivo e isso meio que, de certa forma, me forçava a falar com pessoas que eu não conhecia direito - e falar tanta abobrinha que eu jamais falaria em momentos de sanidade...
eu gosto demais de sair sozinho, ficar sozinho na escola, ouvir minhas músicas e simplesmente sair pra algum lugar que goste de acreditar que exista, mesmo que só na minha imaginação. a questão de romance, pra mim, sempre foi mais ligada à minha confusão em relação a orientação sexual e identidade de gênero: eu sempre procurei em outra pessoa algo que eu nunca pude encontrar em mim. eu nunca soube direito pra qual dos "lados" eu ia, sabe? e isso me levava a, de certa forma, forçar interesses românticos que nunca nem existiram... é bem louco, se parando pra pensar!! fico imensamente orgulhoso ao te ver saindo contigo mesma, te aproveitando e sentindo conforto em ti mesma. é tão legal quando se pode perceber que tá TUDO BEM em não estar apaixonado, morrendo de amores por ninguém. na verdade, dependendo da circunstância é inclusive melhor pra gente, né?
no momento, estou perdidamente apaixonado (e sim, sou boiola e não nego vkjskds), mas sei que a essas alturas estaria tudo bem se eu não estivesse também. por mais momentos em que possamos sentir conforto na solitude! aproveita a ti mesma!!
(nem sei se isso faz sentido, eu tomei uma garrafa de um litro de limonada então a culpa é da acidez do limão ok vksjdks)
abraço!! ♡
hey, victor!
Excluirpode usar o termo situação pra isso, pois eu também não consigo pensar em outro dksjd e entendo o que tu disse no primeiro parágrafo; já me coloquei em situações de amizades no mínimo problemáticas (?) porque antigamente tinha um medo enorme de ficar sozinha em público e me sentir isolada ou diferente devido a isso.
acho incrível que tu goste tanto da tua própria companhia. é um processo pelo qual estou tendo que passar novamente, depois de ter me perdido um tantinho, e com isso aprendi a valorizar MUITO os momentos saudáveis de solidão. nada se compara a estar ok sem depender de outra pessoa pra isso.
amigo, eu sou super boiola também quando estou apaixonada, então no problem dksjdk acho fofinho demais, na verdade, e que ótimo que tu encontrou alguém legal e mas não se tornou dependente dessa pessoa. meta de relacionamento q
(dksjdksdj af queria uma limonada)
eu li o titulo dessa postagem naquela lista de leitura do blogger e pensei que fosse sobre a minha vida doskadoskd de vez em quando faço coisas sozinhas como se fosse a primeira vez. é muito estranho como não nos lembramos de como eramos antes de começar a namorar, e parece que sempre precisamos de alguém junto. que bom que esta reconhecendo esse momento e conseguindo lidar tão bem com ele. espero que as coisas só melhorem!!! tudo de bom e boa sorte! :)
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